Presidente Lula desembarca em Tóquio para visita de Estado.
Em um mundo abalado pelas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Ásia nesta segunda-feira, 24 de março de 2025 (horário local). Esta é sua primeira viagem internacional de longa distância após o acidente doméstico sofrido em outubro. Assim, ele busca fortalecer laços com Japão e Vietnã, parceiros estratégicos do Brasil.
A agenda inclui Tóquio, onde Lula discute comércio com o Japão, e Hanói, no Vietnã, para encontros diplomáticos. Por isso, o governo brasileiro quer diversificar relações além de China e EUA. Enquanto isso, a visita ocorre em um momento de instabilidade global e desafios internos, como queda de popularidade e inflação no Brasil.
Lula desembarcou em Tóquio para uma visita de Estado, um formato raro oferecido pelo Japão — a última foi a Donald Trump em 2019. Dessa forma, ele será recebido pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako, além de se reunir com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Outro destaque é o Fórum Empresarial Brasil-Japão.
Na pauta comercial, o Brasil pressiona para o Japão liberar a importação de carne bovina e suína, um pleito de quase 20 anos. Além disso, há conversas sobre um acordo entre Mercosul e Japão. No entanto, grandes anúncios não são esperados agora. Segundo fontes do governo, a visita é um “impulso político” para revitalizar essa parceria de 130 anos.
Na quinta-feira, 27 de março, Lula segue para Hanói, capital do Vietnã. Lá, ele terá encontros com o primeiro-ministro Pham Minh Chính e o presidente Luong Cuong. Assim, o Brasil reforça laços com um parceiro de 35 anos. A viagem termina no domingo, 29 de março, com o retorno ao Brasil.
Especialistas, como Bárbara Dantas Mendes, da UnB, destacam que a diversificação de parcerias é crucial. “O mundo busca equilíbrio frente às mudanças nos EUA”, diz ela. Por outro lado, o Japão também quer reduzir sua dependência do Ocidente, conforme explica Pedro Brites, da FGV.
Contexto Global e Impactos das Tarifas de Trump
As tarifas de Trump intensificam a busca por novos mercados. Por exemplo, o Japão é o terceiro maior importador de carne bovina do mundo, mas o Brasil ainda não acessa esse mercado. Enquanto isso, o Vietnã cresce como destino das exportações brasileiras na Ásia. Em 2024, a região respondeu por 42,8% das vendas externas do Brasil, segundo o Itamaraty (fonte).
O embaixador Eduardo Saboia, do Itamaraty, defende um comércio regulado por normas multilaterais. “Japão, Vietnã e Brasil se beneficiam disso”, afirma. Portanto, a visita de Lula pode fortalecer esse movimento contra a desagregação global.
Desafios Internos e Expectativas
No Brasil, Lula enfrenta inflação, queda de popularidade e pressão por uma reforma ministerial. Mesmo assim, a comitiva inclui mais de dez ministros e líderes do Congresso, como Hugo Motta e Davi Alcolumbre. Isso mostra o peso político da viagem. Contudo, resultados concretos, como a liberação da carne ou um acordo Mercosul-Japão, dependem de negociações futuras.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) vê um “momento decisivo” (fonte). Ainda assim, o Japão hesita, temendo concorrência agrícola, segundo Tomoyuki Yoshida, do Japan Institute of International Affairs.
Por Que Essa Viagem Importa?
A visita reflete a estratégia de Lula de priorizar o sul global sem abandonar o norte. Por exemplo, o Brasil exportou US$ 144 bilhões à Ásia em 2024. Enquanto o Japão compra minério e soja, o Vietnã é um mercado em ascensão. Assim, a viagem pode abrir portas para investimentos, como a venda de aviões da Embraer.